BÁRBARA ASSIS PACHECO
Lisboa, Portugal, 1973
Bárbara Assis Pacheco concorda com Goethe quando ele diz que «falamos demasiado — devíamos falar menos e desenhar». É mesmo bastante lacónica e resume a sua actividade em 4 palavras: «Faz desenhos e coisas». Coisas e desenhos, diga-se, sempre surpreendentes e sempre situados numa linha de observação intensa e de questionamento da natureza (a começar pela natureza humana), mesmo nesse micro-universo que são os «cabinets de curiosités», de que tanto gosta. Os suportes que escolhe para desenhar dão muitas vezes uma utilização subversiva a papéis à partida não destinados ao «desenho artístico», mas antes, justamente, a palavras: vejam-se os exemplos das Effeuillages, da série «Ridicule» (2018), desenhadas sobre envelopes, entre muitos outros exemplos possíveis: folhas de papel timbrado, formulários, etc.
Com um trabalho extenso e muito rico criado a partir de colecções de museus de etnologia e ciências naturais, Bárbara Assis Pacheco tem dedicado particular atenção a animais e plantas e à reflexão sobre «o tamanho natural das coisas» (tem obras de muito grande formato) na sua relação com o corpo, o espaço e o tempo. Sempre com um olhar interpelador, agudo e irónico e um domínio do traço, do pensamento e dos materiais que fazem dela um caso verdadeiramente ímpar na cena artística portuguesa.