CARLOS BARÃO
Lisboa, Portugal, 1964
“Quando tinha 15 anos sabia desenhar como Rafael, mas precisei de uma vida inteira para aprender a desenhar como uma criança”.
Esta fase atribuída a Picasso nem sempre tem sido bem interpretada e tem tudo a ver com a atitude de um indivíduo perante o desenho. O que ele pretendeu dizer é que uma criança age com determinação, arrisca constantemente e, se não gosta, repete o processo sem mostrar sinais de impaciência ou frustração. É difícil para um adulto encarar uma folha de papel com esta soberba inocente.
Quem não se recorda das fortes sensações de frustração durante as muitas e vãs tentativas de desenhar realisticamente? Nem todos tivemos a sorte de estar por perto alguém atento e que nos convidasse a insistir, não numa cópia precisa da realidade, mas mais na representação do que sabemos e sentimos. Tal como Picasso, muitos de nós não tivemos essa sorte, mas perseguimos um belo objetivo.