JOÃO GOMES GAGO

Portugal, 1991

Toda a obra de João Gomes Gago, desenho e performance, de 2017 até ao presente, tem uma ligação íntima com o fulgor e com o seu vestígio, e muitas vezes uma ligação explícita com o fogo: atente-se na série «Reencenação», de 2017, onde o papel e o desenho são devorados pelo fogo, usado como um meio, a par do carvão, da tinta-da-china e do acrílico; atente-se na série «Sombras», de 2018, que recupera uma técnica antiga, utilizando tinta litográfica em papel fotossensível.

A energia que sempre nos atinge em primeiro lugar quando olhamos para as suas obras, desde os primeiros desenhos, diz-nos bem como o traço pode revelar um energon, um corp’a’traçar, muito mais poderoso do que esse delicado e discreto «corpo importante» e funcional do artista — aquilo que ele nos oferece é uma acção que o transcende e nos transcende porque nos toca com uma força fulgurante e nos atrai para algo que nos faltava e não sabíamos.