LUIS GUZMÁN
Bogotá, Colômbia, 1976
Luis Guzmán vive e trabalha em Bruxelas. Frequentemente usa o esquema básico do cubo espacial renascentista nos seus desenhos. Apreciando deliberadamente a ingenuidade desse truque antigo, gradualmente delimita e abre o espaço virtual dentro do papel. Com as linhas e diagonais desse esqueleto começa a vislumbrar uma composição. Luz, sombra, paisagem, figura humana e vários outros elementos caem no cenário. Nesse campo, eles procuram o lugar exacto para descansar e tornam-se desculpas perfeitas para explorar o desenho e as possibilidades do carvão.
É no entanto difícil não acrescentar os significados e simbologias que essa arquitetura “arquetípica” pode acarretar. O título da série “Vida Interior” propõe duas leituras que mais do que oporem-se, complementam-se ou, pelo menos, fazem um bom par.
Por um lado, pode entender-se a referência que torna a vida simples ou curiosa dos seres humanos dentro de casa e que parece ser exibida no estilo de uma casa de bonecas. O olhar do observador eleva-se então a um plano superior, uma espécie de visão divina, voyeurista talvez, ou talvez simplesmente vigilante.
Por outro lado, o título também parece referir uma certa vida espiritual, aquela vida que ocorre dentro de nós, e que podemos ler no silêncio acentuado das imagens, num certo carácter ritual das cenas, ou em representações de luz na forma de vigas, ovais ou halos.