LUISA JACINTO
Lisboa, Portugal, 1984
Luísa Jacinto vive e trabalha em Lisboa.
“Na residência No Entulho procurei adequar a superfícies metálicas uma certa tradição oriental de construção de textura em tecidos. Amachucar, vincar – gravar essa posição no material através da pintura – tornar a endireitar. A memória da superfície e o limite da resistência do material é a estrutura da construção da imagem. Combina-se opacidade e profundidade, quietude e movimento, em corpos cujas referências, dificilmente identificáveis, ora se fecham ora se expandem.
Ecrã – cortina – janela – página – véu – pedra. Planos com dois lados (frente e verso) comunicantes – um espaço que se expande, uma crosta que coagula. Há uma ideia de vertigem – a vertigem em experimentar a realidade como figurativa e abstracta simultaneamente. Também há uma ideia de transporte, ligada à ideia de passagem.
As imagens são tratadas como superfícies: superfícies como coisas em si mesmas e superfícies à escala natural do que representam – espaço, parede, abertura, fundo, sem fundo. Há representações de superfície contraditórias coincidentes num mesmo plano. Não são representações de algo exterior. São uma representação da própria superfície numa morfologia anterior.”