Quarto de Visitas é um novo programa do Drawing Room Lisboa criado para responder à sua principal missão: mostrar o que há de melhor no desenho contemporâneo através das suas práticas idiossincráticas, híbridas, dos artistas atuais; tanto portugueses como estrangeiros.
A feira recebe inúmeros pedidos de galerias europeias, com propostas de criadores interessantes, mas que dificilmente se podem acolher devido ao seu limitado espaço. Nesta sétima edição da feira, a sua diretora, a curadora espanhola Mónica Álvarez Careaga, presta homenagem à hospitalidade portuguesa, reúnindo três artistas proeminentes que marcaram a sua posição, a partir da qual desenvolvem o seu trabalho em desenho.
Neste seu primeiro momento, Quarto de Visitas convoca três propostas diferenciadas de desenho europeu: a abstração envolvente de Carsten Fock, representado por Zeller Van Almsick (Viena), a figuração dramática de Susanna Inglada, representada pela Galerie Maurits van de Laar (Haia) e o grafismo tão maníaco como fértil de Olivier Gruber, representado pela Invisible Galerie (Marselha).

 

Carsten Fock (Alemanha, 1968)

ZELLER VAN ALMSICK Viena, Áustria

Criador de imagens de grande subjetividade, este artista alemão, que foi aluno de Per Kirkebi, passa temporadas na costa dinamarquesa e possui uma alma nórdica, facilmente descrita como romântica. Manejando os recursos da abstração: o equilíbrio entre cores, massas, gestos e texturas e utilizando pastel aplicado diretamente, Carsten Fock seduz-nos com as suas evocações dos fenómenos atmosféricos, as nuvens, as luzes e outras manifestações mutáveis da natureza, em belas imagens onde ocasionalmente cabe um objeto figurativo. As pinturas e desenhos de Fock aproximam-se de Turner: a paisagem é um género mais velho, um caminho para introspecção e conhecimento.

 

Susanna Inglada (Espanha, 1983)

GALERIE MAURITS VAN DE LAAR Haia, Holanda

Os desenhos de Susanna Inglada exploram os seus próprios limites disciplinares adquirindo caracteres de fronteira, como espacialidade, animação ou performatividade.
Inglada inicialmente formou-se em artes cénicas e constrói as suas obras com a mentalidade de um cenógrafo que usa as suas próprias imagens desenhadas. As suas figuras, monumentais e dramáticas, estão dispostas de forma caótica, como numa coreografia maluca onde os dançarinos aparecem apenas parcialmente. Membros humanos e objetos inesperados interagem com uma certa violência, lutando para ocupar o espaço que estão construindo com a sua sugestão de movimento.
Trata-se de uma representação apelativa das questões sociais, que interessa à artista: a ambição de poder, a desigualdade ou a maternidade.

 

Olivier Gruber (França, 1969)

GALERIE INVISÍVEL Marselha, França

Os desenhos de Olivier Gruber poderiam ser inseridos na tradição do desenho botânico francês (Redouté, Picot de La Peyrouse…) e a terrível ilustração infantil de Maurice Sendak, mas a sua flora e fauna particulares vêm de uma autolimitação técnica e de uma imaginação em produção constante.
Olivier só desenha com canetas coloridas, criando padrões delicados e belas superfícies riscadas que revelam a relação inseparável do desenho com o tempo.
Se definirmos um monstro como um ser fantástico, que combina elementos de diversas espécies e desperta emoções poderosas em quem o contempla, podemos julgar estes trabalhos como monstros atrativos, assombrosos nos detalhes e agradáveis na cor, exemplares únicos da sua espécie.